BOM DIA HAROLDO!
Carlos
Gaspar*
A despeito dos convites que recebi, fui obrigado a furtar-me de estar presente à posse do meu amigo Haroldo Cavalcanti Júnior, à frente da Associação Comercial do Maranhão. Transmitiu-lhe o cargo José Barbosa Belo, que exerceu a direção da nossa entidade pelo período de quatro anos.
Não haveria como justificar minha ausência, não fosse uma obrigação irreversível, a me surgir de último momento, ligada a alguém que viera a São Luís, como hora marcada de regresso, para tratar comigo de um assunto também inadiável. Infelizmente juntaram-se os dois eventos. De qualquer modo, meu Bom-Dia a Haroldo Cavalcanti Júnior.
José Barbosa Belo, egresso de um grupo que me acompanhou quando estive à frente da Casa de Martinus Hoyer, cumpriu o seu papel, de acordo com os ditames de uma circunstância, de uma fase, se melhor dito. Por certo tudo ele realizou na medida de suas forças e deixou sua inestimável contribuição.
Haroldo Cavalcanti Júnior chega com um perfil diferente. O de quem está, há muito, sintonizado com uma multiplicidade de entidades empresariais, em especial as que dirigiu, e o fez de maneira profícua. Portanto, traz consigo uma bagagem, com qual a experiência desponta como sua incondicional aliada.
Poucos ignoram o quadro que envolve a Associação Comercial, fruto de condições adversas, porém de boa vê, que experimentou. Dizer que é fácil repintá-lo, a tintas de ouro e com facilidade, é sonho acalentado por quem não o conhece. Porém, sentir-se combalido não condiz com o espírito dos que habitaram e continuam a habitar as dependências do velho Palácio do Comércio.
Estou convencido de que a equipe comandada pelo novo presidente está cônscia dessa situação e das responsabilidades que assumiu. Não se justifica, portanto, que o ônus que aguarda os administradores ora empossados recaia, unicamente, nos ombros do seu presidente. Até porque, em uma chapa acolhedora de muitos nomes, vários deles desejaram e até insistiram a que fossem inseridos na sua composição, obviamente com o intuito de emprestarem suas desmedidas colaborações à Casa.
Pois bem, como não estive presente àquela solenidade, deixei de tomar conhecimento dos discursos de transmissão e recepção dos cargos, embora pretenda conseguir uma cópia de cada um deles, para enriquecer a minha coleção de peças tão significativas como essas. E aí, sim, com maior propriedade poderei emitir minha opinião ao que foi dito.
Entretanto, há regras, e diretrizes das quais ninguém, nenhum diretor, pode ou virá a poder se afastar. Resumem-se elas na respeitabilidade da Instituição. Esse conceito, por sua vez, se traduz, unicamente, na palavra independência. Em resumo, sob qualquer pretexto é proibido vender a liberdade da Casa de Martinus Hoyer. Ainda que com isso sofra seu presidente, seus diretores, seu quadro de associados. Nada justifica. E é esse posicionamento de altivez que a mantém viva, varando séculos.
A esse respeito, eu e vários companheiros, em um passado recente, e não menos em tempos que já se foram, temos experiência própria. E jamais nos diminuímos ante aqueles que quiseram denegrir ou achincalhar a Associação Comercial, usando nossas pessoas para fins tais finalidades escusas. Como não poderiam deixar de receber uma resposta, em troca receberam, sim, a nossa reação firme e irreversível.
E dessa forma deve ter se dado com todo o corpo diretivo da entidade, através de tantas décadas. O resultado aí está, uma história que merece orgulho e aplausos de todos os seus associados. É essa grande arma que nos faz vencedores.
A nossa Associação dispensa ambiente destinado a prorrogação de mandatos. Ao longo de sua vida, alguns ajustes necessários foram feitos, sem que implicassem na perpetuação de qualquer dos seus membros nos cargos que exerciam. É igualmente essa outra característica da agremiação, procedimento através do qual se renova e se apresenta atualizado para enfrentar os avanços universais. A protelação de mandatos implica obtenção de benesses, prestígios, bondades e coisas semelhantes. Os exemplos estão aí.
Ha pouco tempo falava eu a um grupo de auxiliares de determinada empresa lamentavelmente vivendo situação pouco confortável. E fiz vê-los que é inteiramente impossível alcançar o sucesso sem que haja um esforço conjunto, harmônico, cooperativo, co-participativo. Espero que aqueles trabalhadores tenham entendido a minha mensagem.
A Associação Comercial do Maranhão possui uma invejável história. E tão invejável que seus feitos seculares, por quem os conhece, são cantados até os dias presentes. Não fosse isso e nem seria a entidade particular mais antiga existente no Maranhão.
E nem se diga que ela vive somente de tradição. Absolutamente, esta lhe serve para proporcionar impulsos renovados, de acordo com o meio, a época, os novos tempos, enfim. É preciso aliar-se ao tradicional benéfico o participar na construção de um feito moderno, que se incorpore à sua memória, ao seu glorioso passado, que será visto e reconhecido no futuro.
Sucesso e Bom-Dia, Haroldo!, dirigente maior do empresariado maranhense.
*Colaborador DRT 45/91, escreve aos domingos na seção Opinião
do jornal O Imparcial em São Luís do Maranhão.
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