07.12.2008

ELEIÇÕES NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
Carlos Gaspar*

A próxima quarta-feira, dia 10 do corrente mês, será um dia especial. Tão singular quanto alguns que vêm se perdendo no tempo, sem que deixassem eles de ficar guardados na alma e no sentimento de muitas pessoas laboriosas e entusiastas. Trabalhadoras e amantes do aglomerado a que pertencem. E daquelas que ficam à espreita das ações dessa imensa corrente de homens e mulheres que fazem o progresso do nosso Estado.

A Casa de Martinus Hoyer significa um salto e um ressalto de qualidade, quanto aos fins a que se destina. Ainda que a mutilem ou a diminuam, pouco importa, essa agressão é passageira, não se perpetua. Sua alma forte é protegida contra os que a espezinham, aqueles que carecem de olfato para estabelecer a diferença entre a pureza de sua essência e o mau odor da indireta locupletação.

Há curto tempo, acho que pelo transcurso do último aniversário da Associação, ou em ocasião que agora não me ocorre, disse que a nossa entidade vinha navegando por águas diferentes daquelas que a conduziriam aos seus objetivos. Hoje disso mais me convenço com inteira segurança, posto até a composição do seu corpo acha desvirtuada. Não entro em detalhes, porquanto não é o que interessa nesta minha conversa.

Pois bem, a singularidade do dia 10 vindouro se respalda nas mais legítimas manifestações internas da Casa, com efeitos que repercutirão sobre todas as camadas sociais maranhenses. É que, exatamente nessa circunstância, serão escolhidos os novos dirigentes da nossa sesquicentenária instituição. Deles exigir-se-ão presença e atuação, pois são repositórios da esperança de pequenos, médios e grandes empresários. Todas essas categorias a reclamar a participação ativa de seus prepostos institucionais, na solução de inúmeras pendências que as afligem.

Às vezes me pergunto: onde estão as representações patronais? Desapareceram? Deixaram de atuar? As questões que lhes são inerentes foram resolvidas, mesmo em parte? A mim me parecem todas elas em estado letárgico. Todavia, consolo-me quando logo admito que essa situação, como disse, é efêmera, transitória. E a nossa Casa, nesse contexto, simboliza a aurora a impulsionar o desenvolvimento que se aspira.

Do sindicalismo patronal participa-se compulsoriamente, pagando o maldito imposto sindical, que proporciona à maioria dos seus dirigentes a gerência de um complexo financeiro privilegiado, De maneira que seus avanços se fazem através de ações e resultados lentos, além de restritos, porquanto seguem o compasso das benesses com que os governo lhes presenteia.

Na Associação Comercial respira-se a liberdade. Diz-se e faz-se tudo com absoluta independência. O fundamental é que essas ações sejam lídimas, distantes de eventuais vantagens individuais ou de grupos, em que status de presidente ou cargo de proeminência possa oportunizar benefícios.

Da Associação Comercial sou sócio porque quero, porque eu a vejo como autêntica representante do meu mundo econômico-financeiro e da população em geral. Nada me impõe, nada me obriga, assim como nenhuma lei impede que eu me incorpore à vetusta Comissão da Praça. Ali posso dizer, falar, clamar, participar de suas reuniões, independentemente de ser diretor, ou mesmo que haja pretendido sê-lo e não mereci a preferência dos meus pares.

Para a Associação, para comandá-la, para escolher seus administradores, eu tenho meu voto livre. Todos o possuem. E optam pelos candidatos mais capazes. Sem pressões, sem ameaças, sem se deixar envolver por promessas vãs, sem se dobrar aos acenos demagógicos, vez que são sobejamente conhecidos os dotes e os defeitos dos que pretendem ocupar a cadeira principal da Casa.

Com a Associação atenta e ativa, eu vejo inúmeros impasses resolvidos, em todos os níveis em que eles se achem. Para que isso ocorra, não há porque temer, acovardar-se ou se resguardar. Possui ela uma tradição de bom senso, de ponderação, de equilíbrio, mas também de luta irreversível quando se fizer necessária.

Vivenciada a Associação, seus problemas internos caminharão para um termo satisfatório. O apuro pelo qual hoje ela passa enseja a construção de convergências positivas, que por certo indicarão, com segurança, a melhor opção para saneá-lo.

Politizada a Associação, no âmbito das ações que ela deve desenvolver, tanto de caráter externo quanto interior, facilitará o aprimoramento da conscientização dos seus membros, com repercussão direta na sociedade. E esta saberá aplaudi-la, como tantas vezes já o fez, pela justa e firme atuação que experimentar.

Todo esse leque comportamental somente poderá ser norteado por quem tiver legitimidade para imprimi-lo. Por quem conhece os dias atuais, a tradição e a história da Casa de Martinus Hoyer. Em face dessas premissas, estou certo de que os associados não irão permitir que eventual aventureiro se aposse de uma organização respeitável como é ela, que varou mais de cento e cinqüenta anos, com a mesma altivez, com a mesma importância, com o mesmo reconhecimento perante o conceito do público e das autoridades, preservados por quantos a dirigiram.

*Colaborador DRT 45/91, escreve aos domingos na seção Opinião
do jornal O Imparcial em São Luís do Maranhão.
E-mail: pgaspar@elo.com.br