02.11.2008

ELEIÇÕES NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO MARANHÃO
Carlos Gaspar*

Ainda estamos na fase de eleições. Quem pensa que tudo terminou com a escolha do novo prefeito, está equivocado. Prosseguem elas por toda parte e nem sei quando terminarão. Acho que a última do ano será a da escolha do melhor Papai-Noel.

Agora vem o pleito para definir quem será o novo presidente da Associação Comercial do Maranhão. Não sei se será renhido ou pacífico. De qualquer modo, é o melhor que pode acontecer para a Casa. Afinal ela é a instituição mais antiga do Estado em pleno funcionamento, e esse processo de mudança diretiva é um dos estimulantes a que permaneça ela duradoura.

A luta contra o tempo, em que a Associação tem saído ganhando nesse quase um século e meio de fundação, está alicerçada no espírito de unidade, e na seriedade que norteia os pleitos eleitorais. Graças a Deus, transcorrem eles com absoluta lisura, sem se deixarem contaminar por quem, na eventualidade, tenha a infeliz pretensão de aproveitamento pessoal.

Ademais, as partes concorrentes se portam com dignidade. Unem-se após a competição nas urnas, em prol da Instituição. Os que não logram êxito igualmente participam da administração, quer através de atividade delegada, quer se fazendo presentes às reuniões plenárias de todas as quartas-feiras, oportunidade que se lhes oferece para sugerir, criticar e contestar. As reuniões são democráticas.

A entidade goza de imensa representatividade perante as autoridades e a sociedade em geral. Órgão colaborador do poder público é, de constância, chamado para sugerir acerca do seu funcionamento interno bem como dos processos de mudança da economia. Sem ferir suas co-irmãs, é a Associação Comercial do Maranhão a mais importante de todas elas.

À determinação estatutária para a sucessão da diretoria, que ocorre a cada dois anos, nunca há passividade. Bem ao contrário, em tais circunstâncias os ânimos se aguçam, externam-se concordâncias e discordâncias, e surge o consenso ou a disputa entre os associados da Casa, sem qualquer espécie de interferência. E, ao fim, não há vencidos nem vencedores, porquanto prevalece o propósito de zelar pela sua homogeneidade, integridade e respeitabilidade

No correr de todo esse tempo a Associação Comercial do Maranhão tem se mantido incólume a eventuais pretensões pouco recomendáveis. Daí, a sua longevidade. E a convicção de que o espírito deixado por Martinus Hoyer estará sempre disposto a protegê-la dos mal intencionados.

Não constitui segredo para ninguém que, de um momento para outro, mudou o relacionamento entre os povos, pelo avanço da tecnologia e da comunicação, com reflexos nos setores econômico-sociais. Está-se a viver esse período conturbado, de ordem universal. E ninguém se atreve a fazer um prognóstico de quando as nações se realinharão sob um novo prisma de comportamento. Ou seja, quando terminará a crise que envolve todos os continentes do planeta Terra.

Esse é um dos desafios que se impõem aos que forem escolhidos os novos dirigentes da Associação Comercial. Ela jamais ficará de braços cruzados. Entretanto, essa nova ordem, a de um mundo plano, exige que colaborem para melhorá-la aqueles que forjaram seus conhecimentos no contexto da modernidade.

Não me canso de dizer que cada pessoa, cada geração tem o seu tempo. O meu, como executor de um programa, de um projeto, de um plano estratégico, por certo já passou. E, à ocasião que me foi concedida, procurei desincumbir-me, dentro das minhas possibilidades, do que as circunstâncias exigiam.

E, assim, deu-se com outras pessoas, outros empresários. Velhos companheiros meus que, antes e após minha gestão da Casa de Martinus Hoyer, também souberam levar a cabo tão honroso, todavia difícil compromisso. Alternamo-nos na responsabilidade, para que ela se mantivesse hoje tão viva e acatada como sempre foi desde sua fundação.

Espera-se que novos empresários, novos em atividade e novos nos anos de vida, experimentem, com a responsabilidade que lhes é própria, bem representar a nossa Instituição. Chegou o momento de passar a eles o bastão, o comando, justo quando se auspiciam mudanças substanciais na economia do Maranhão, rumo ao progresso desejado.

E está aí a Associação Comercial, para emprestar colaboração impetuosa, própria dos jovens, e fazê-la crescer em lucidez, confiando que receberão incentivos dos mais antigos, representados pelo Conselho Superior da Casa. São estes os senadores, conselheiros mais idosos, porém que nada determinam sobre o que deve ser feito. Apenas oferecem parecer. Daí o equilíbrio interior da entidade, que se reflete nos atos e na respeitabilidade com que ela se impõe perante suas congêneres e o mundo político, social e econômico da evolutiva modernidade.

As eleições estão próximas. Torço pelos jovens. Só eles possuem fôlego para acompanhar o tempo. Os que foram, foram. Angariaram e levaram experiências. Eu sou um deles e muito me orgulho de haver sido presidente da maior organização empresarial do Maranhão. E, de igual maneira, possuo o sentimento de que a nossa mais que centenária Associação, com ou sem disputas eleitorais internas, sempre haverá de se renovar, pela mente sadia dos mais novos, para os novos tempos que a cada momento surgem, tal como uma estrela nas noites de verão, difícil de ser identificada.

*Colaborador DRT 45/91, escreve aos domingos na seção Opinião
do jornal O Imparcial em São Luís do Maranhão.
E-mail: pgaspar@elo.com.br